sábado, 18 de janeiro de 2014

Nosso Quadro


 
 
Vi na pracinha do meu bairro uma mulher sentada num dos bancos.
Tinha um olhar triste, meio perdido.

Por aqui, tenho reparado, tem muita gente assim.
Não sei se é um bairro de solitários ou meu olhar sempre procura pessoas assim.

Resolvi fazer um quadro com essa mulher.
Fiz o esboço.
A mulher no banco, um elemento ao seu lado e tinha pensado um fundo quase vazio.

Aí, meu filho mais novo (meu grilo falante) viu o esboço:

- mãe, que linda essa mulher!
porque você não faz igual a Van Gogh, faz um fundo cheio de flores, com muitas e muitas coisas

-hãnnn?ahh Tico, não debocha. me comparar a Van Gogh, por favor!

- mãe, deixa que eu dirijo você. faz assim: coloca azul aqui, verde ali e faz muitos elementos

-hãn(tédio)

 
Não sei porque, talvez só Freud explique, tudo que o Tico diz pra mim tem um peso enorme.

É engraçado, porque ele é o meu caçula, mas o que ele diz eu acredito.

Bom, assim, dirigida por ele, fui fazendo o tal quadro.
Cada vez que ele vinha aqui em casa falava assim:

- mãe, muda a cor do casaco. ahhh essas árvores estão muito pequenas! que isso mãe? quer estragar o quadro?

 Depois dessa tortura que levou um mês, terminei o quadro.

Preciso dizer que não gostei?

Mas, hoje quando olhei a imagem dele, comecei a ter um certo afeto.
Apesar de não ser no jeito que pensei, tem as "pinceladas" do meu caçula

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