quinta-feira, 15 de maio de 2014

Nomes

 
Minha geladeira que tem um ano e meio pifou.
Sem mais nem menos apagou.
Não gelava. Nada.
Zero.
Liguei para a assistência técnica.
Hoje mandaram um técnico.
Gente boa pra caramba. Super simpático e competente.
Todo problema resolvido.
Ao me despedir, perguntei seu nome: Sérliton. Sim, Sérliton
Bom, nome é nome. A gente fica é calada.
Mas, me lembrou a 1ª exposição que fiz no Museu Nacional de Belas Artes em 2002.
Estava lá, fazendo as honras do evento, quando chegou turma de uma escola.
Eram crianças com mais ou menos uns 9 anos.
Todos se interessaram muito pelos quadros.
Queriam meu autógrafo.
Como não tive grana pra fazer o catálogo da exposição, resolvi dar os autógrafos na sobra de convites que tinha.
Fizeram uma fila e cada um falou seu nome para mim.
- Qual seu nome?
- Suelen
- Se escreve com Su...?
- Nãooooo ..né? SHWELLENN
- E o seu?
- Eliane
- Se escreve com E...?
- Nãoooo, né? HELLYANNE
Vinte cinco crianças e muitos W, Y, LL depois....
Um menininho lindo, mulato, cabelo sarara e olhos azuis me pergunta:
- Você que faz isso?
- Sim
- E você ganha dinheiro com isso?
- Pretendo
- Maneiro

- Qual é seu nome?
- Bil Clinton da Silva

Dia estafante aquele!

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Meio Torto



 

Minha sogra era portuguesa e estudou pouco.
Tinha até o segundo ano primário.
Quando os netos começaram a falar ela os corrigia.
Não passava um único erro no português.
Um verbo mal conjugado então era considerado um assassinato da língua.
Quando havia alguma dúvida na família quanto a como se escrevia uma tal palavra, todos recorriam a ela.
Na dúvida do significado ela nos mandava procurar o "pai dos burros" (o dicionário ).
Não tenho formação em letras, mas procuro escrever sem erros.
É claro que nem sempre consigo, ainda mais com a nova ortografia (fui alfabetizada no século passado).
Mas sinceramente eu acho que escrever errado não é pecado.
Às vezes, um lindo pensamento está escrito num português torto
.

Lisboa

 
 


Fui no Oceanário de Lisboa.
Gostei dos peixinhos, peixões, tubarões e lontras. Tudo muito bonito.
Mas parece incrível, o que mais me chamou a atenção foram as poesias de Sophia de Mello Breyner Andresen.
Por todo o Oceanário existem placas com poesias dela.
Não consegui fotografar até porque é proibido flash.
Como é escuro o flash não me obedeceu.
Tirei uma única foto e
parei antes de levar uma bronca com toda a razão. Coisa incivilizada! (tirar fotos com flash onde não pode)
Claro que o tio Google está aí pra nós ( eu pelo menos), simples mortais ignorantes conhecermos alguma coisa.
Pois bem, achei quem era e algumas (muitas) poesias:

"Sophia de Mello Breyner Andresen nasceu no ano de 1919 e faleceu em 2004.
A poesia de Sophia está profundamente marcada pela sua infância e juventude, por valores como a justiça e, pelo contato com a Natureza, muito especialmente com o Mar.
Publicou mais de duas dezenas de livros de poesia, devendo ser considerada como uma das maiores e mais eloquentes vozes da poesia portuguesa contemporânea.
Há nela uma sensibilidade, que só pode ser apreciada de modo global, ou seja, pela leitura da sua obra poética."

Eis uma que achei linda, entre tantas:

MAR SONORO
Mar sonoro, mar sem fundo, mar sem fim.
A tua beleza aumenta quando estamos sós
E tão fundo intimamente a tua voz
Segue o mais secreto bailar do meu sonho.
Que momentos há em que suponho
Seres um milagre criado só para mim.