terça-feira, 20 de agosto de 2013

Discretamente





Fui ao dentista pra fazer um canal. Sei que é normal.
O problema é que eu não sou normal.

Depois de anestesiada, do queixo até o olho esquerdo, a dentista começa com o motor a desgastar o dente.
Até aí tudo dentro do esperado.

Chega até os canais, que na radiografia eram três, só encontra dois.
Depois de muita procura, conclui que um deles tinha se unido ao segundo.
Mumificado pode-se assim dizer, assim como a dona do canal.

Até esse momento não estava calma, porque em dentista ninguém fica calmo.
Portanto pensei: " sou igual aos outros!"

Fomos então para a segunda etapa do tratamento.
A obturação dos canais.

Tenho que explicar uma nova técnica de proteção.
Imagine um balão de festa infantil.
Fure, corte o que sobrou em círculo de mais ou menos 5cm de raio.
No meio faça um furo quadradinho com um metal arrematando essa borda.
Pois é, isso foi anexado ao meu dente.
Explicou-me a dentista que era para as desgraçadas das agulhinhas não rolarem pela minha garganta.

Ao anexar ao meu dente restou círculo.
Tampava as minhas duas narinas e minha boca também.
Não, não morri.
Esperneei, me debati.
A dentista entendeu que estava ficando perigoso fazer o canal.

Bom, retirou das narinas as sobras do círculo.
Como tenho desvio de septo sobrou uma narina apenas para respirar.
Pelo menos, não morreria com falta de ar, nem com as malditas agulhinhas rolando pela garganta.

Fiquei quieta por alguns instantes.
Mas, comecei a imaginar que por trás do círculo havia um cano que ia até minha garganta.
Deu vontade de vomitar.
A dentista havia falado que eu levantasse a mão se algo não estivesse bem.
Levantei as mãos, os pés, me balancei, gritei e sacudi os cabelos.
Fui discreta!!!

Então ela parou o tratamento e falou:
- D. Aninha é normal. A senhorinha precisa se acostumar. Fique tranquilinha. Tudo dará certinho. Na próxima vez, vou ter que demorar mais um pouquinho. Tá?

É ruim, hein!

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