Nessas andanças, meu avô chegou a uma cidadezinha entre a montanha e o mar chamada Ibicuí.
Adorou e começou a se hospedar na casa de uma senhora onde comia e bebia. Era muito baratinho.
Quando nasci já existia passar temporadas em Ibicuí.
Durante alguns anos, nessa casa eu ficava. A casa da Dona Chicá.
Depois disso, meu avô comprou uma casa enorme lá.
Todas minhas férias até os 14 anos passei nessa cidade.
Tenho a impressão que minhas memórias estão ainda em Ibicuí.
Aprendi tudo que sei.
Andar descalça enterrando os dedinhos na lama, subir na bicicleta e pedalar sem medo, nadar e mergulhar, escalar o morro da igreja e descer escorregando de bumbum, caminhar na linha do trem e correr quando ouvia o barulho nos trilhos, reconhecer flores como a maria sem vergonha e o matinho dorminhoco (a gente toca e ele fecha), namorar na ponte.
Tinha um céu tão estrelado que nunca vi igual!
Nessa época só se chegava a Ibicuí através do trem ( não existiam estradas). Passávamos a semana só com mamãe e meu pai vinha às sextas feira no trem das 10 da noite.
Íamos pegá-lo e marcávamos com nossos amigos um encontro na jaqueira que ficava perto da estação. Essa jaqueira todos conheciam e era um ponto de encontro dos que chegavam à cidade.
Hoje, já se vai até Ibicuí através da Estrada Rio / Santos. A ordem é a seguinte : ...Ibicuí, Mangaratiba, Angra dos Reis, Parati......Santos.
Em 1989, eu e meu marido alugamos uma linda casa à beira mar. Levamos os 3 meninos para conhecer e curtir tudo que curtimos na nossa adolescência.
Os três detestaram. Foi a última vez que estive em Ibicuí.
O que é bom pra gente não é necessariamente bom pros outros.
Eu fico com a memória.
Nenhum comentário:
Postar um comentário