terça-feira, 20 de agosto de 2013

Primeiro Embate


- Vó, pare de fazer isso! assim você me faz pagar mico. Esse pedido me remeteu a um universo muito particular.
Cheguei a conclusão que pagar mico é minha especialidade.

Quando meus filhos eram pequenos, morávamos em Jacarepaguá, zona oeste do Rio, onde alguns hábitos permaneciam puros.
No carnaval era comum as crianças se vestirem de bate-bola.
Uma fantasia composta de máscara, capa e uma bola amarrada numa vareta.
A brincadeira consistia em sair com grupo de amigos e no encontro com outro grupo bater a bola no chão.
Ninguém sabia quem estava por debaixo das máscaras.
Ganhava aquele que assustava mais.
Numa segunda-feira de carnaval, os dois mais velhos resolveram se juntar aos amigos e tornar a brincadeira um fato.
Imagino eu que o fato mais importante de suas vidas naquela época.
Acontece que o mais novo dos filhos também quis participar.
Mas ele só tinha três anos!
Como deixá-lo andar pelas ruas do bairro sozinho?
Mas como não deixá-lo participar de tal evento?
Resolvi acompanhá-los sem fantasia é claro.
A cena era a seguinte:
Todos andando pela rua.
Eu cinco passos atrás de mãos dadas com o mais novo.
O primeiro grupo que encontraram, as bolas começaram a bater no chão.
Mas então, cinco passos depois eu apareço.
A identidade do grupo revelada com a minha presença, esvaziou a brincadeira.
Perderam o primeiro embate da vida.
Que ridícula, coitados!

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