terça-feira, 20 de agosto de 2013

Cortejar





Tenho uma prima que era um espetáculo!
Isso quando ela tinha 16 e eu 13 anos.

Fomos passar uns dias juntas num feriado prolongado.
Juntas não. Ela no palco e eu na plateia.

O corpo da minha prima era escultural.
O sorriso brilhava muito, com charme, apesar de um dente da frente ligeiramente quebrado.
Tinha um cabelo sedoso e brilhante que corria até a cintura.
Tocava violão com maestria.

Quando ela chegava o tempo parava.
Os passarinhos se calavam.
Os garotos não respiravam

Foi então convidada para uma festa num dia à noitinha. Eu não poderia ir.
Na minha idade era tal a minha insignificância que nem esboçar reclamação eu podia.

Mas, o mais extraordinário me aconteceu naquela noite.
Pela primeira vez minha prima dirigiu a palavra a mim.
Perguntou se eu queria vê-la se arrumando.

Sentei na beirada da cama trêmula de emoção para apreciar a deusa virar diva.

Ela começou pelos olhos.
Passou sombra, depois lápis e por fim o rímel.
A boca contornou com baton vermelho.
Fez uma pequena pausa e olhou pra mim.
Achei que queria algum comentário meu.

Quando estava tentando balbuciar algo ela apontou para cima da cama.
Entendi que era para entregar uma pequena bolsa ao meu lado.

Então, minha prima, tirou de dentro da bolsa um maço de cigarro.
Acendeu e me perguntou:
- Você fuma?
Eu:- não...
Ela: - Que boboca!

Saiu para a festa e eu fui dormir com a certeza que nunca mais seria a mesma.

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