terça-feira, 20 de agosto de 2013

Incômodo





Ganhei um móvel de um tio logo que casei.
É uma cômoda que ele dizia ser muito antiga e de jacarandá.
Não combinava muito com meus móveis, mas procurei utilizá-la como um objeto excêntrico.
Coloquei nas gavetas algumas toalhas de mesa, porta retrato para enfeitar.
Depois de algum tempo troquei-a de lugar.
No meu quarto aproveitei como móvel de camisolas e bugingangas. A televisão ficava em cima.
De tempos em tempos achava outra forma de uso para essa peça.

Muitos anos passados e algumas trocas de lugares, comecei a bolar uma estratégia para me livrar da cômoda.
Perguntei aos filhos se queriam usá-la em suas casas.
Tentei convencer ao marido que ia ficar bacana como mesa de cabeceira.
Nenhum deles aceitou minha ideia.
Rodei com a peça pela casa toda, não achei outra alternativa que não fosse colocá-la no meu atelier.
O afeto pelo meu tio é verdadeiro, mas o antônimo supera : cômoda, incômoda!

Nenhum comentário:

Postar um comentário